Nada impediu, contudo, que se intensificasse a atividade têxtil, de tal sorte que, no início do Século XIX, já apresentava relativa prosperidade, com o chamado "pano de Minas", produzido em aldeias e vilas, encontrando mercado em todo o território nacional e, segundo alguns estudiosos informam, até mesmo em Buenos Aires.
Com a vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, aquelas restrições foram superadas, porque havia interesse em fortalecer a economia da antiga Colônia, agora parte do Reino Unido. D. João VI chegou mesmo a mandar um mestre fabricante de tecidos para demonstrar, em tear que instalou na residência do Governador de Minas, as possibilidades do fabrico de tecidos na região.
Na época, o cultivo do algodão constituía importante atividade nas Gerais como observaram diversos viajantes ilustres que deixaram registros de suas andanças por estas terras, como Saint Hilaire e John Mawe.
Nas primeiras décadas do século XIX, registram-se tentativas de montagem de fábricas no Estado. Em 1837 surgiu a Companhia Industrial Mineira que, de forma incipiente, chegou a produzir tecido no Cipó e depois no Distrito das Neves, Termo de Sabará, dispondo de três máquinas de "aprontar algodão", vinte e oito fusos para fio grosso e seis teares para colchas de algodão.
No entanto, a primeira fábrica equipada com máquinas mais modernas só veio a ser constituída em 1848, pelos ingleses Pigot e Camberland, em Conceição do Serro - a "Cana do Reino" - que recebeu até ajuda do Governo. Mas, essa experiência não durou 30 anos, sendo vencida pela falta de mão de obra qualificada e pela ociosidade do equipamento.
Nessa época, Antônio Gonçalves da Silva Mascarenhas, que trocara a profissão de "caldeireiro" pela de fazendeiro, construiu a Fazenda São Sebastião, que atingiu notável desenvolvimento. Conta o saudoso industrial Geraldo Magalhães Mascarenhas, que foi Presidente do Sindicato, que "tudo quanto na vida diária era consumido em S. Sebastião, em S. Sebastião era produzido ou fabricado. As próprias roupas usadas pelo fazendeiro e sua família eram confeccionadas com o algodão plantado, fiado, tecido e tinto na fazenda, pois lá havia também 12 teares de pau, manejados pelas escravas" ("Centenário da Fábrica do Cedro", 1972, edição particular, págs. 23/24).
A moderna indústria têxtil mineira só surgiu em 1872, quando a Fábrica do Cedro entrou em operação, em Tabuleiro Grande, município de Sete Lagoas, fruto do espírito empreendedor dos irmãos Bernardo, Caetano e Antônio Cândido Mascarenhas. Em 1885, já existiam na Província 13 fábricas de tecidos. Em 1886 nasceu a Cia. Têxtil Cachoeira de Macacos e em 1891 a Cia. Tecidos Santanense, e, no fim desse século, 29 indústrias têxteis estavam em atividade no Estado. É importante assinalar que, em 1907, "a indústria têxtil mineira era repsonsável por 62,9% do total do capital industrial do Estado, por 40,2% do valor da produção industrial e por 50% do emprego industrial", como observa Miguel Augusto citando trabalho de 1983 apresentado no II Seminário sobre a Economia Mineira (ob. cit., pág. 121).

